Carta de Controle: o que é e como fazer uma?

CONTEÚDO

carta de controle

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Em uma fábrica de produção de automóveis, cada peça precisa ser fabricada com precisão milimétrica para garantir a qualidade e a segurança dos veículos. Nesse ambiente, a menor variação no processo de produção pode resultar em peças defeituosas, comprometendo todo o produto final. É nesse cenário de precisão e qualidade que entra em cena a carta de controle, uma ferramenta essencial para a análise e controle da variação dos dados em processos produtivos.

A carta de controle, também conhecida como gráfico de controle ou Carta de Controle Estatístico de Processo (CEP), utiliza métodos estatísticos para monitorar e analisar a variabilidade de um processo ao longo do tempo. Ela permite identificar se essas variações estão dentro dos limites aceitáveis ou se há sinais de que algo pode estar fora do controle, necessitando de intervenção.

Empresas que trabalham com processos que apresentam variações, como a produção industrial, utilizam amplamente essa ferramenta. Seja para monitorar a performance de máquinas, garantir a qualidade dos produtos ou otimizar processos, a carta de controle ajuda a identificar desvios padrões e a tomar ações corretivas antes que os problemas se agravem.

Se você deseja saber mais sobre a carta de controle, continue a leitura que eu te explico! Confira!

Ciclo PDCA

O que é uma carta de controle?

Uma carta de controle, também conhecida como gráfico de controle ou Carta de Controle Estatístico de Processo (CEP), é uma ferramenta utilizada para monitorar e analisar a variabilidade de um processo ao longo do tempo. Ela é essencial para garantir que um processo permaneça dentro de limites aceitáveis e para identificar qualquer desvio que possa indicar problemas futuros.

A carta de controle pode ser utilizada em diferentes cenários, como:

  • Manufatura: no monitoramento da precisão de máquinas de produção, garantindo que cada peça fabricada esteja dentro das especificações.
  • Serviços: na avaliação do tempo de resposta de atendimento ao cliente para garantir que esteja dentro do padrão esperado.
  • Processos químicos: no controle das concentrações de substâncias em uma reação química para manter a eficiência e segurança do processo.
carta de controle

As variações na carta de controle

Quando falamos em carta de controle, é importante entender as diferentes fontes de variação que podem ocorrer. Essas variações são classificadas em duas categorias principais: causas comuns e causas especiais.

As causas comuns, também chamadas de causas naturais ou aleatórias, são variações inerentes ao próprio processo. Elas são esperadas e ocorrem de forma regular e previsível. 

Pequenas flutuações na temperatura do ambiente, por exemplo, podem afetar ligeiramente a operação das máquinas.

Essas causas estão sempre presentes e, por isso, o objetivo da carta de controle é garantir que essas variações permaneçam dentro dos limites aceitáveis. Quando todas as variações são devido a causas comuns, dizemos que o processo está “sob controle estatístico.”

Já as causas especiais, também conhecidas como causas atribuíveis ou não-aleatórias, são variações que não são parte normal do processo e geralmente indicam que algo fora do comum está ocorrendo. Essas causas são geralmente inesperadas e requerem investigação e ação corretiva.

Um operador pode cometer um erro, como definir a máquina com um parâmetro incorreto, por exemplo.

Quando as variações ultrapassam os limites de controle na carta de controle, isso geralmente indica a presença de causas especiais. Nesse caso, é necessário investigar e corrigir o problema para retornar o processo ao seu estado controlado.

Leia também: Software de gestão da qualidade: 7 dicas para escolher o seu

Como funciona a carta de controle?

O principal objetivo da carta de controle é identificar se um processo está “sob controle” ou “fora de controle”. Um processo sob controle é aquele cujas variações estão dentro dos limites definidos pelas linhas de controle.

Já um processo fora de controle apresenta variações que ultrapassam esses limites, indicando que algo anormal está acontecendo e necessitando de atenção imediata.

Para identificar esses diferentes cenários, são analisados os componentes da carta de controle, que são:

  • Linha Central (LC): esta linha representa a média do processo, ou seja, o valor médio das medições feitas ao longo do tempo. Ela serve como referência para avaliar as variações dos dados.
  • Linhas de Controle Superior (LCS) e Inferior (LCI): estas linhas delimitam os limites máximos e mínimos aceitáveis para a variabilidade do processo. Elas são calculadas com base em fórmulas estatísticas que consideram a dispersão dos dados históricos do processo.
  • Pontos de Dados: são as medições reais coletadas ao longo do tempo. Cada ponto no gráfico representa uma medição específica em um momento determinado.
Carta de Controle estrutura Carta de Controle: o que é e como fazer uma?

Quais são os tipos de carta de controle?

Existem dois diferentes tipos de cartas de controle, cada uma adequada para monitorar diferentes aspectos de um processo. A escolha do tipo de carta de controle depende do tipo de dados que você está analisando e do objetivo do monitoramento.

Te explico sobre as duas:

1- Carta de controle para variáveis

As cartas de controle para variáveis são usadas para monitorar características de qualidade que podem ser medidas em uma escala contínua. Por exemplo, peso, comprimento, temperatura ou tempo. As duas cartas de controle mais comuns para variáveis são:

  • Carta X-barra (X̄): monitora a média de um conjunto de amostras ao longo do tempo. É útil para identificar se o processo está mudando em termos de média.
  • Carta R (Amplitude): monitora a variação dentro de um conjunto de amostras. É usada em conjunto com a carta X-barra para verificar se a variabilidade do processo está sob controle.

2- Carta de controle por atributos

As cartas de controle para atributos são usadas para monitorar características de qualidade que podem ser contadas e categorizadas. Por exemplo, o número de defeitos em um produto, a presença ou ausência de uma característica, ou a conformidade de um produto. As cartas de controle mais comuns para atributos incluem:

  • Carta p (Proporção de defeitos): monitora a proporção de itens defeituosos em uma amostra. É útil quando o tamanho das amostras varia.
  • Carta np (Número de defeituosos): monitora o número absoluto de itens defeituosos em uma amostra fixa. É usada quando o tamanho das amostras é constante.
  • Carta c (Contagem de defeitos): monitora o número de defeitos por unidade. É usada quando a unidade de inspeção é constante e o número de defeitos pode ser contado.
  • Carta u (Taxa de defeitos): monitora a taxa de defeitos por unidade de inspeção. É útil quando o tamanho das unidades de inspeção varia.

Como fazer uma carta de controle nas planilhas do Google?

Aqui está um passo a passo para construir uma carta de controle nas planilhas do Google (Google Sheets):

Passo 1: Colete os dados

Anote as medições do processo que você deseja monitorar. Por exemplo, se você está monitorando o peso de produtos, colete várias amostras do peso.

Passo 2: Insira os dados na planilha

Abra o Google Sheets e crie uma nova planilha ou abra uma planilha existente onde você deseja inserir seus dados.

Depois, insira os dados das suas medições em uma coluna. Por exemplo, insira os valores na coluna A começando pela célula A2.

Passo 3: Calcule a média e desvio padrão

  1. Calcule a média (Linha Central – LC):
    • Na célula B2, digite a fórmula =AVERAGE(A2:A20) (ajuste o intervalo de acordo com a quantidade de dados que você tem).
  2. Calcule o desvio padrão:
    • Na célula C2, digite a fórmula =STDEV(A2:A20) (ajuste o intervalo de acordo com a quantidade de dados que você tem).

Passo 4: Calcule os limites de controle

  1. Limite de Controle Superior (LCS):
    • Na célula D2, digite a fórmula =$B$2 + 3*$C$2.
  2. Limite de Controle Inferior (LCI):
    • Na célula E2, digite a fórmula =$B$2 – 3*$C$2.

Passo 5: Adicione as fórmulas para cada linha

Arraste as fórmulas das células B2, C2, D2 e E2 para baixo, de forma que cubram todas as linhas dos seus dados. Por exemplo, se você tem dados até a linha 20, arraste até a linha 20.

Passo 6: Crie o gráfico de controle

  • Selecione os dados nas colunas A, B, D e E. Mantenha pressionada a tecla Ctrl (ou Cmd no Mac) para selecionar múltiplas colunas.
  • Vá para o menu “Inserir” e selecione “Gráfico”.
  • No painel que aparece à direita, selecione o tipo de gráfico “Linha”.

Passo 7: Personalize o Gráfico

  1. Adicionar títulos e eixos:
    • Adicione um título ao gráfico, como “Carta de Controle”.
    • Adicione títulos aos eixos X e Y, como “Número da Amostra” e “Valor Medido”.
  2. Formatar linhas de controle:
    • Clique na linha do gráfico para abrir as opções de formato.
    • Diferencie visualmente a linha central (LC) e as linhas de controle (LCS e LCI) ajustando cores e espessura das linhas.

Passo 8: Analise o gráfico

Verifique se os pontos de dados estão dentro dos limites de controle (LCS e LCI). Os pontos fora dos limites indicam causas especiais que precisam ser investigadas.

Como analisar os resultados da carta de controle?

Analisar os resultados de uma carta de controle é essencial para entender o desempenho do seu processo e tomar decisões informadas. A seguir deixei alguns padrões de comportamento para serem analisados.

1- Identificação de processos sob controle

Se todos os pontos de dados estão dentro dos limites de controle (LCS e LCI) e não mostram padrões específicos, o processo é considerado estável e sob controle.

Nesse caso, continue monitorando o processo para garantir que ele permaneça estável. Não são necessárias ações corretivas imediatas.

2- Identificação de processos fora de controle

Pontos fora dos limites: se um ou mais pontos de dados estão fora dos limites de controle, isso indica a presença de causas especiais.

Nesse caso, o ideal é investigar imediatamente as causas dessas variações. Verifique possíveis falhas de equipamentos, erros humanos, mudanças na matéria-prima ou condições ambientais.

3- Tendências e padrões

Nos casos em que uma sequência de pontos mostrando uma tendência consistente de aumento ou diminuição pode indicar uma mudança gradual no processo.

O ideal é investigar possíveis causas para essa tendência, como desgaste de equipamentos ou alterações no processo.

Padrões repetitivos ou cíclicos podem indicar variações sazonais ou operacionais.Quando for o caso, o ideal é ajustar o processo para acomodar essas variações previsíveis, se possível.

4- Desvios em torno da média

Uma alternância excessiva entre pontos acima e abaixo da linha central pode indicar variabilidade normal. Se a variabilidade está dentro dos limites de controle, nenhuma ação é necessária. Caso contrário, verifique por possíveis causas especiais.

5. Agrupamento de pontos próximos à média

Muitos pontos próximos à linha central (média) podem indicar falta de variabilidade no processo. Será interessante verificar se o processo está sendo conduzido de maneira consistente e se não há subutilização da capacidade do processo.

6- Variabilidade incomum

Pontos próximos aos limites de controle frequentemente podem indicar que o processo está no limite da variabilidade aceitável. Por isso, monitore o processo de perto e considere ajustes para reduzir a variabilidade e trazer os pontos mais para perto da média.

Quais são as vantagens de utilizar a carta de controle?

Utilizar a carta de controle traz várias vantagens que ajudam a melhorar a eficiência e a qualidade dos processos. Dentre esses benefícios, gostaria de destacar:

1- Monitoramento contínuo do processo

As cartas de controle permitem identificar problemas no processo antes que eles causem impactos significativos na qualidade do produto. Isso possibilita ações corretivas rápidas.

A visualização contínua dos dados do processo ajuda a manter o controle constante e a garantir que o processo permaneça estável.

2- Tomada de decisão baseada em dados

A carta de controle fornece uma base estatística para a tomada de decisões, minimizando ações baseadas em intuições ou suposições. Além disso, ajuda a identificar padrões e tendências nos dados, permitindo uma análise mais aprofundada das causas das variações.

3- Melhoria da qualidade

Ao identificar e corrigir variações fora do normal, a carta de controle ajuda a prevenir a produção de produtos defeituosos, garantindo a qualidade do processo. Dessa forma, mantém o processo dentro dos padrões desejados, reduzindo a variabilidade e melhorando a consistência dos produtos.

4- Otimização de recursos

Ao manter o processo sob controle, é possível reduzir desperdícios e retrabalhos, otimizando o uso de recursos e aumentando a eficiência operacional.

A prevenção de defeitos e a redução de desperdícios resultam em menores custos de produção.

5- Melhoria contínua

As cartas de controle destacam áreas onde o processo pode ser melhorado, incentivando uma cultura de melhoria contínua. Dessa forma, permite comparar o desempenho ao longo do tempo e entre diferentes processos ou unidades de produção.

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