Lei de Goodhart: o que é e como evitar na sua gestão?

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Lei de Goodhart

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Quando se trata de medir o sucesso, na Lei de Goodhart descobrimos que as métricas podem ser uma faca de dois gumes. Imagine que você é recompensado por cada cobra venenosa que captura, em uma região infestada delas.

Uma solução simples para um problema complicado, certo?

Não exatamente. Na Índia colonial, os britânicos descobriram da pior maneira que ao incentivar financeiramente os moradores locais a capturarem cobras, as pessoas começaram a criá-las para ganhar mais recompensas.

Charles Goodhart, um economista astuto, capturou a essência desses contrassensos em sua famosa lei: “Quando uma medida se torna uma meta, ela deixa de ser uma boa medida.

No ambiente corporativo, esse cenário com os dois lados da moeda para as métricas serve como um alerta valioso sobre os perigos de se fixar demais em números específicos.

Pensando nesse cenário em que as métricas podem ser um perigo na sua empresa, desenvolvi este artigo para você que deseja trabalhar com metas, mas sabe dos riscos que essa visão traz. Por isso, continue a leitura e confira tudo sobre a Lei de Goodhart!

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O que é a Lei de Goodhart?

A Lei de Goodhart é um princípio econômico que destaca as limitações e riscos de usar uma única medida ou métrica como indicador de desempenho quando ela se transforma em uma meta central de um sistema.

A Lei aponta que quando uma métrica é escolhida como objetivo principal de uma política ou de um sistema de avaliação, ela pode incentivar comportamentos não intencionais que não apenas distorcem a métrica, mas também podem ser prejudiciais aos objetivos originais da organização.

Exemplo da Lei de Goodhart

Um exemplo da Lei de Goodhart pode ser visto no contexto da produção. Imagine uma fábrica que define uma meta para seus colaboradores baseada exclusivamente no número de unidades produzidas por dia como medida de desempenho.

À primeira vista, incentivar a produtividade e maximizar a produção, parece uma meta razoável, certo?

Talvez.

Isso porque ao fazer do número de unidades produzidas a única métrica de sucesso, os funcionários podem começar a focar unicamente em aumentar essa contagem, muitas vezes em detrimento da qualidade dos produtos.

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Por exemplo, para atingir metas de produção mais altas, eles podem apressar o trabalho ou usar materiais de qualidade inferior, o que pode levar a uma deterioração na qualidade geral dos produtos fabricados. Isso, por sua vez, pode resultar em custos mais altos devido ao aumento de devoluções, reclamações de clientes e danos à reputação da marca.

Além disso, esse foco em quantidade sobre qualidade pode causar problemas de segurança, esgotamento dos trabalhadores devido ao aumento da pressão para produzir mais e uma cultura de trabalho que desvaloriza aspectos críticos do processo de produção, como inovação e melhoria contínua.

Como surgiu a Lei de Goodhart?

A Lei de Goodhart foi formulada pelo economista britânico Charles Goodhart em 1975. Charles Goodhart era um assessor do Banco da Inglaterra e professor na London School of Economics, e sua observação surgiu no contexto da política monetária.

A lei foi primeiramente apresentada em um artigo que Goodhart escreveu criticando a prática do Banco da Inglaterra de usar agregados monetários, como a oferta de moeda, como os principais indicadores para a política monetária.

Ele argumentou que, assim que tais indicadores são estabelecidos como metas para a política monetária, eles tendem a se tornar menos confiáveis como indicadores porque os agentes econômicos começam a alterar seu comportamento devido à própria política.

Como a Lei de Goodhart se conecta com a gestão corporativa?

A Lei de Goodhart é extremamente relevante para a gestão corporativa, pois destaca como as métricas de desempenho, quando mal aplicadas ou excessivamente focadas, podem levar a comportamentos contraproducentes ou ineficazes dentro das organizações.

Por isso, a seguir te apresento algumas formas como esse princípio pode se conectar com a gestão corporativa aí na sua empresa:

1- Métricas e incentivos

No ambiente corporativo, as métricas são frequentemente usadas para definir metas e avaliar o desempenho dos colaboradores.

Por exemplo, se uma empresa estabelece como meta a quantidade de vendas, os vendedores podem ser incentivados a fazer o máximo de vendas possíveis, às vezes comprometendo a qualidade do atendimento ou a adequação do produto às necessidades do cliente.

Isso pode levar a insatisfações, devoluções e danos à reputação da empresa a longo prazo.

2- Foco na quantidade versus qualidade

Similar ao exemplo das vendas, a Lei de Goodhart aponta que se a produção for medida simplesmente pelo número de itens produzidos, isso pode incentivar os colaboradores a ignorar os padrões de qualidade para atingir metas de quantidade. A longo prazo, isso pode comprometer a qualidade do produto e a satisfação do cliente.

3- Manipulação de métricas

Quando as promoções e bônus são baseados em métricas específicas, os colaboradores podem encontrar maneiras de manipular essas métricas para atender aos critérios sem realmente melhorar seu desempenho de maneira substancial.

Por exemplo, em call centers, se o tempo médio de chamada for uma métrica chave, os funcionários podem ser incentivados a encerrar chamadas rapidamente, em vez de resolver efetivamente os problemas dos clientes.

4- Desalinhamento estratégico

A Lei de Goodhart destaca que focar intensamente em algumas métricas específicas pode desviar a atenção de objetivos estratégicos mais amplos.

Por exemplo, se uma empresa se concentra exclusivamente em cortar custos, isso pode levar a cortes em áreas como pesquisa e desenvolvimento ou treinamento de funcionários, o que pode prejudicar a inovação e o crescimento a longo prazo.

5- Cultura organizacional

A ênfase da Lei de Goodhart em métricas específicas pode influenciar a cultura organizacional, incentivando uma abordagem de “fazer o que for necessário para atingir a meta”, o que pode promover comportamentos antiéticos ou uma cultura de medo e estresse.

Como evitar que as metas sejam um problema na sua empresa?

Embora elas sejam tratadas como uma bússola para o sucesso, as métricas podem se tornar um problema, conforme a Lei de Goodhart apontou.

Como aqui na Siteware na somos especialistas quando o assunto é gestão, a seguir, te apresento quatro dicas de como evitar que o que Goodhart apontou, seja um problema aí na sua organização.

Confira:

1- Diversificação de métricas

Utilize um conjunto balanceado de métricas que capturam diferentes aspectos do desempenho. Por exemplo, além de medir a produtividade, inclua métricas relacionadas à qualidade, satisfação do cliente, inovação e saúde organizacional. Ferramentas e métodos, como o Balanced Scorecard (BSC), podem ser úteis para manter uma visão holística.

O BSC se destaca por não se concentrar exclusivamente em medidas financeiras, mas por equilibrar esses indicadores com métricas em outras áreas críticas para o sucesso organizacional. 

Dessa forma, ao incorporar múltiplas perspectivas, o BSC assegura que a organização não se torne excessivamente focada em um único aspecto de desempenho, como alerta a Lei de Goodhart. Isso reduz o risco de comportamentos distorcidos e manipulativos que podem surgir quando os colaboradores são avaliados por uma única métrica.

2- Alinhamento estratégico

Certifique-se de que as métricas estejam alinhadas com os objetivos estratégicos de longo prazo da organização. Isso ajuda a evitar a otimização de uma métrica à custa de objetivos mais importantes.

Além disso, as metas e métricas devem ser revisadas e ajustadas periodicamente para refletir mudanças no ambiente de negócios e nas prioridades estratégicas. Isso evita a rigidez que pode tornar as métricas obsoletas ou mal adaptadas.

3- Foco em cultura e valores

Promova uma cultura organizacional que valorize a ética, a transparência e a melhoria contínua. Quando os colaboradores entendem e se identificam com os objetivos mais amplos da organização, eles são menos propensos a distorcer as métricas para atingir as metas.

Outro ponto importante para evitar que a Lei de Goodhart prevaleça, é que ao educar os colaboradores sobre a importância de cada métrica e como suas ações contribuem para o sucesso geral da organização. A comunicação clara sobre como as metas foram definidas e como elas se conectam aos valores e à missão da empresa pode aumentar o engajamento e a colaboração.

Além disso, desenhe sistemas de incentivos que recompensem um espectro de contribuições positivas, não apenas o desempenho em uma única métrica. Isso pode incluir reconhecimento para inovação, colaboração, liderança e contribuições para a comunidade ou para o bem-estar do ambiente de trabalho.

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4- Monitoramento de comportamentos indesejados

Esteja atento a comportamentos que indiquem que as métricas estão sendo manipuladas ou mal interpretadas. Isso pode incluir feedback regular dos funcionários, auditorias e outros controles internos.

Por fim, incorpore avaliações qualitativas no processo de avaliação. Isso pode envolver feedback de pares, autoavaliações e avaliações de liderança que considerem o contexto e a complexidade das tarefas realizadas.

Próximos passos

O STRATWs One é uma solução de software integrada de gestão de desempenho empresarial. Desenvolvida pela Siteware, a plataforma oferece ferramentas abrangentes para planejamento estratégico, execução e acompanhamento, permitindo que as empresas alinhem seus objetivos estratégicos com as atividades operacionais diárias e evite a Lei de Goodhart. 

Isso porque a plataforma possibilita que as empresas personalizem suas métricas de acordo com seus objetivos estratégicos específicos. Essa personalização garante que as métricas permaneçam relevantes e alinhadas com as metas da empresa, minimizando o risco de resultados não intencionais.

Com ferramentas integradas para comunicação e colaboração, o STRATWs One promove um ambiente onde os funcionários podem discutir e entender claramente as métricas e objetivos. Isso aumenta o comprometimento com os objetivos estratégicos globais da empresa, além de incentivar contribuições construtivas de todos os níveis organizacionais.

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